O tempo, inexorável, como diziam alguns poetas, incompreensível em suas velocidades, que insistem jogar e brincar com as sensações que nos inundam, marca e dita os inícios e muitos fins, estes desconhecidos.
Ontem, como se fosse há meio século, nessa gangorra de inversões, quando meio século também terminou ontem, no final da noite.
Embora as clãs denunciem alguma coisa muito extensa, somos tomados pelas lembranças recentes e delírios das nossas investidas, embora todas elas nos pareçam meio aglutinadas em só um bloco comprimido dessa linha temporal.
Prisioneiros, enfim, é o que somos do tempo!
Realidade absolutamente triste para aqueles que se decepcionarão com o fato da vida ser, infelizmente, curtíssima.
Não me surpreende a tal velocidade, porque conheço ser apenas uma métrica desarrazoada de quem imprime essa brincadeira.
Vejo, claramente, que somos um mesmo bloco, entrincheirados nas nossas falsas percepções de que quinhentos anos sejam maior do que um segundo.
Há um segundo as caravelas aportaram Porto Seguro, diriam os navegadores se ainda por aqui estivessem.
Sentiriam, até, o fragor da verdejante vegetação da borda litorânea, bem como o amainar dos pelos do corpo pela brisa daquelas manhãs, quando aqui avistaram.
Foi há um segundo, embora há quinhentos anos!
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