sexta-feira, 18 de junho de 2010

Manias e Chatices.




Dizem que as manias só podem ser imputadas a quem é racional.

Ora, de cara temos aí um paradoxo, se considerado que pessoas cheias de manias são, na verdade, as mais enjoadas e chatas.

Certa vez, na faculdade de odontologia, um professor disse que o dentista chato é aquele que, uma vez perguntado sobre, por exemplo, onde estaria o pote de gesso, responderia da seguinte maneira: “Está no armário de quatro portas, situado do lado esquerdo da sala, próximo à mesa de três lugares, na terceira porta, na quinta prateleira do lado de dentro, à direita, e é o pote de tampa vermelha, rajadinha, com o rótulo fino, com letras azuis, em itálico, com o gesso ainda pela metade.”

Ainda neste pequeno tipo introdutório, já ficou fácil concluir que mania tem a ver (e muito) com chatice.

Para esse dentista “chatonildo”, um GPS resolveria o problema.

Bom, trazendo para o direito, digo que chatice é, sem dúvida, amiga do peito das manias.

Alternando, como num jogo, entre as figuras do aluno e professor, seria totalmente injusto afirmar que somente um desses lados comportaria aquela figura que mapeia a localização do pote de gesso, da forma em que o dentista chato o fez.

Há, infelizmente, alunos e professores chatos.

O aluno chato (ou maníaco) é aquele que perturba a aula o tempo todo, com divagações sobre tudo, que só aceita sentar em determinada cadeira na sala de aula, que reclama do horário e data da prova porque acha próximo da data de entrega do trabalho da outra matéria, cujo professor pediu para fazer uma aula dupla no horário vago do professor da terceira matéria, enfim, o maníaco chato!

O professor chato é aquele que “desperta” o Morpheu adormecido dos alunos, que manda piadas tão sem graça que acabam, pasmem, fazendo rir, que acha sua matéria a mais importante do planeta, que fica o tempo todo falando: “no meu tempo de aluno era diferente”, enfim, que torna aulas, provas e a justiça um verdadeiro saco!

O que mais impressiona no direito, entretanto, é o senso de justiça de cada um desses personagens, quando é feito esse jogo de mudanças.

A mesma pessoa, quando do lado professor, cobra alto, argúi cheio de razão, elabora provas cheias de pegadinhas impróprias até aos pós-doutores, emite conceitos duríssimos sobre tudo e se acha o mais justo e correto de todos.

Quando do lado aluno, reclama justiça, diz estar sendo prejudicado porque suas notas não são expressão da verdade e que as coisas deveriam ser diferentes.
Niilismo..... desvalorização e a morte do sentido, a ausência de finalidade e de resposta ao “porquê”.

Quando o vazio e o nada se encontram!


Manias e chatices.

Cada lado com as suas!